30 de abril de 2010

Nossa televisão

Jornalista Arilson Freires entre Roberta Scheibe e Julio Lozito, professores do curso de Comunicação da Seama.


Do outro lado do balcão, jornalista Arilson Freires (diretor de jornalismo da TV Amapá) dando entrevista no Congresso de Comunicação

A força da oralidade também constrói a história do nosso tempo e uma das boas oportunidades que tivemos para saber mais do momento atual do telejornalismo (ao menos o praticado e sonhado pela TV Amapá) foi a palestra do jornalista Arilson Freires, ontem à noite no Congresso de Comunicação da Seama. Foi fazendo uso adequado da expressão verbal que ele deixou seu recado da forma mais didática que pode ser possível, para valorizar a informação que nos chega via imagem + recursos sonoros + o chamado texto de TV.
Elogio a iniciativa de falar de telejornalismo regional tendo como apoio à oralidade e às palavras chaves, diversas imagens de ícones turísticos do Amapá. A criatividade de Arilson valorizou em cheio, como pano de fundo (literalmente)o nosso espaço, nosso mundo, nosso desenho urbano, nossa Área de Proteção Ambiental do Curiaú. Já se vão 15 anos em televisão e o palestrante sabe - e experimenta - das mudanças sociais e tecnológicas que vieram neste tempo, e que acabaram meio que "forçando" transformações na forma e no conteúdo do telejornalismo brasileiro (destaco o expoente Armando Nogueira, quem verdadeiramente contribuiu para reduzir o preconceito da turma do impresso contra o telejornalismo) e, logicamente, por aqui na nossa Amazônia. "Hoje as pessoas querem fazer parte da TV, filmam e mandam o material para as emissoras", afirmou Arilson, em referência a um fenônomeno que decorre de facilidades de compra e uso de equipamento portátil de filmagem + as novas mídias abrindo oportunidade concreta para cada pessoa ser autor de relatos (e até pensanddo que é jornalista).
Com relação ao perfil do jornalista de televisão, mesmo que tenha a função de repórter, Arilson considera que deve ter plena noção e habilidade de todo o processo de produção de uma reportagem de telejornal, desde a concepção da pauta, seleção de personagens, decupagem...até a edição final. A esse esforço ele chamou de invstimento em conhecimento, mas não apenas conhecimento das etapas da produção...aconselha também dispor de mapas e consultar cotidianamente via google informações sobre os mais variados assuntos.
A magia que não é tão mágica assim foi desvendada pelo palestrante assim: "A televisão não pode apenas contar, precisa mostrar e envolver". Como assim? na prática, significa desenvolver a capacidade de análise, contextualizar o assunto da reportagem e, claro, ter espírito crítico. Sobre este último aspecto, o diretor de jornalismo da TV Amapá acha prematuro cobrar alta habilidade de um iniciante na carreira.
Observar atentamente o lugar onde vivemos, principalmente suas peculiaridades, é outro recado deixado pelo Arilson Freires para o que ele chamou de "manter um olhar estrangeiro" sobre nossa cidade. E citou um exemplo emblemático, que provavelmente surpreendeu muita gente: foi um jornalista da Rede Globo escalado para fazer matérias (de rede) na região Norte quem, pela primeira vez, teve a percepção do valor jornalístico do futlama. Uma lição.
Outro ponto importante foi sobre a importância do roteiro da matéria de televisão, a ser executado a partir da tríade empolgante: apresentação (o gancho), o confronto (o famoso ouvir os dois lados / imagens mostrando a contradição de quem fala por exemplo) e a solução. Bom, neste último aspecto o palestrante deixou o alerta de que nem sempre é possível a solução. Faz sentido, afinal é telejornalismo e não obra de ficção.
Porquee ser autêntico é fundamental, Arilson Freires também tocou num assunto meio tabu no telejornalismo, destacou estilo e abordagem como fatores de "construção" de um bom perfil de profissional de televisão. Muito bom para lembrar aos imitadores de mitos que não é preciso repetir os trejeitos de Glória Maria ou de Fernando Nascimento para trilhar uma carreira de sucesso, credibilidade e reconhecimento.
A exibição de vídeos que mostram a própria evolução do Arilson Freire repórter foi outro gol da sua apresentação, no primeiro a falta de firmeza para segurar o microfone na matéria sobre o assassinato do iatista Peter Black no Amapá (ousadia e trabalho que renderam ao jornalista o reconhecimento da Rede Globo para tornar-se repórter de rede no estado) e no segundo a matéria sobre a intrépide Vovó Iaiá (saltou de paraquedas aos 100 anos de idade) mostrou-nos a prova do amadurecimento da expressão verbal e corporal. Nem assim, exibindo as imagens, ele não se absteve de contar as tantas histórias que envolvem - e sempre envolverão - o enredo de construção de uma matéria de televisão, que por sinal nestes tempos de novas mídias precisa ter cada vez recursos para envolver-nos. Por isso, a inspiração de Arilson Freires está sob medida para definir o valor de um telejornal de qualidade. A inspiração que ele citou é Confúcio, quando diz "Se você me falar alguma coisa, provavelmente eu vou esquecer. Se você me mostrar, eu vou lembrar. Mas se você me envolver, eu vou entender". Até agora, as palestras do Congresso têm sido envolventes.

2 comentários:

Comunicação SEAMA disse...

Muito legal o post, é bom ter profissionais que já atuam no mercado, vindo a nossos eventos. Comente o nosso congresso no blog de comunicação.

Diário de uma pessimista disse...

Pena que não deu para eu ir. É no horário da minha Pós. Mas o bom é que você vai contar tudo para gente. Valeu!!