Dependência crônica

Quem não é do ramo desconfia, quem é tem certeza absoluta da interferência das elites política e econômica no perfil editorial da imprensa. Em maior ou menor grau, existe em todo o país. A diferença é que em regiões mais prósperas economicamente, como o industrial estado de São Paulo, os veículos contam com anunciantes de peso e desafogam da dependência dos governos para existirem. Outra diferença, também importante, é o grau de reação dos profissionais da comunicação para que faça valer o direito da sociedade à informação o mais isenta possível, e desamarrada de interesses impublicáveis.

O que salta aos olhos tem estatística para comprovação. A relação entre redações, poder público e econômico foi submetida a um raio-x na pesquisa IMPRENSA/Aberje/Maxpress de Avaliação das Assessorias de Imprensa. Embora feita em dezembro de 2005, não está nada desatualizada para quem está atento à realidade. Foi realizada pela Franceschini. A pesquisa revela disparidades entre regiões do país no trato com a liberdade de expressão, a existência de pressão política e a dificuldade no acesso a informações de alguns setores produtivos.

Os dados mostram que a região Norte lidera um ranking indesejado: quando perguntados sobre independência editorial e pressão dos órgãos do governo sobre sua atividade, os colegas revelam indicadores menos positivos que de outras regiões.

Entre os 405 jornalistas entrevistados, está o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amapá, Volney de Oliveira. Veja o que ele falou: "Muitos dos veículos de comunicação (no Amapá) ou se comportam como “diários oficiais”, pautados por uma agenda positiva ao governo, ou sofrem as mais diversas pressões, em especial a financeira, visto que a dependência da verba pública é comum nestes estados em que os setores privados não têm grande concentração de verba e não são anunciantes".

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